segunda-feira, 26 de março de 2012

A história de uma vida triste

A história no qual vou lhes contar caros amigos irá fazê-los duvidar de minha sanidade mental já que nunca ouviram uma história como essa em todos esses anos de bebedeiras e orgias. Essa história Fará pensar-vos-á em como a vida de vocês, pobres bêbados, são vidas fáceis e inúteis comparadas ao que vivi esses anos. Pois bem, abram seus ouvidos sujos de contos inúteis e falsos e escutem um relato verídico do homem que aqui vos fala:


 Aquela noite foi a pior de toda a minha vida. E eu estava lá. O cadáver dela tinha o olhar frio, como os de um assassino psicótico, e eu imaginava que a qualquer momento ela fosse se levantar, puxar a faca cravada em seu peito e correr em minha direção expelindo gritos histéricos até conseguir enfiar aquele objeto no meu peito desprotegido. Respirei fundo, dei uma última olhada em seu corpo branco como os pombos que rodeavam o prédio, fechei a porta e desci as escadas de madeira que a cada passo ecoavam um som estrondoso.
 Lembrei-me do vestido branco que tinha lhe dado no dia do nosso aniversário de dois anos de casamento, que agora não era nem tão branco por uma enorme mancha vermelha na parte superior esquerda do mesmo, e que agora ela estava sozinha no nosso apartamento e que em um breve período de tempo iria ser atacada por seres que eram desconhecidos por mim, ou então pelas aves que ficavam rodeando sempre aquele recinto inútil, e que já podiam ter adentrado na janela do mesmo que estava escancarada.
 Comecei a recordar do então ocorrido. Lembro-me de tê-la visto na cama junto a outro homem e que naquele momento senti uma sensação diferente era uma mistura de raiva, tristeza e decepção. Decidi perdoa-la e continuar seguindo em frente. Mas algo continuou me incomodando. Então conheci uma garota quando fui à panificadora, algo que sempre faço todas as manhãs. Ele me seduziu com seu corpo esbelto delineado por suas roupas apertadas. Nós nos encontrávamos todas as noites às escuras. Não pensava mais naquela mulher que um dia partiu meu coração em mil pedaços e pensou tê-lo reconstruído. Esqueci-me daquela ingrata que preferiu pensar primeiramente em suas necessidades físicas e carnais do que no nosso amor. E agora não estava apenas me vingando daquela indigesta, mas também estava apaixonado por aquele lindo e maravilhoso ser que me tirara da beira do abismo.
 Mas em uma das minhas noites com ela, aquela desgraçada apareceu empunhando um punhal tentando tirar a vida que ela mesma já tirara. Minha recente paixão fugiu correndo semidespida com suas vestes na mão. Enquanto isso eu tentava desviar dos golpes certeiros daquele raivoso ser. Até que em um ataque de raiva segurei um dos seus golpes e utilizei contra ela acertando-a diretamente no coração, de novo. E de repente me vi só no mundo. Não possuía nenhuma das duas mulheres que já amei, tão menos sentia vontade de amar outra.